Escolas Rurais na 1ª república portuguesa (1910-1926): discursos e representações sobre a periferia
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Se a isotopia republicana na educação é constantemente reiterada, o problema das escolas em espaço rural – como expressão de um imperativo cívico que se quer generalizado – está latente e é de uma complexidade que não se reduz a uma circunstancial afi rmação de princípios, sublinhando um problema poliédrico na muito delicada articulação das dimensões política, social, cultural, económica e pedagógica, como tensão entre a modernidade e a tradição.
As escolas em espaço rural revelaram-se um teste importante à arquitetura jurídica do regime, justamente, pelo cumprimento da obrigatoriedade escolar, mas teste, também, pelo que implicavam, enquanto desafio pedagógico para os professores primários, e desafi o político para a governação, enquanto universalização
de um direito – materializado numa rede escolar de cobertura nacional.
O tempo escolar da modernidade pedagógica claudicou face a um tempo social e cultural que se reproduzia sem qualquer contratempo. A escola em espaço rural é uma escola permeável às oscilações políticas e às mutações das políticas sociais. É também uma escola que deveria ter tido um caráter próprio, uma identidade, em suma, que fosse objeto de uma reforma, que conciliasse a dignidade e a formação do professor, com a dinamização cultural das aldeias, com convicção política e cívica, para que o progresso chegasse ao campo. Neste sentido, provavelmente, não tenham existido escolas rurais em Portugal, mas singelamente escolas em espaço rural.
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